A TECNOLOGIA NA BNCC

Por muito tempo o uso de tecnologias em sala de aula foi duramente criticado, já que não havia orientações e metodologias que indicassem a melhor forma de utilizá-la no processo de ensino e aprendizagem. Mas isso precisou mudar, principalmente com a nova geração de Nativos Digitais, que já nasceram imersos na tecnologia.

Um passo importante dado no Brasil para acompanhar essas mudanças foi a elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que determina as competências e as habilidades fundamentais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica. Agora, o uso de tecnologias, em especial as da Informação e da Comunicação (TICs), está contemplado nas competências gerais e específicas de cada área do conhecimento e deve fazer parte da formação dos alunos brasileiros. A proposta é que os estudantes possam fazer uso das tecnologias de forma crítica e consciente, aplicando-as a conteúdos e experiências sociais em toda a Educação Básica. Neste artigo, vamos mostrar como a tecnologia está contemplada em cada área da Base e entender como as habilidades sugerem que seu uso seja desenvolvido nos currículos escolares.

A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Grande parte das escolas brasileiras e dos alunos já possuem acesso a dispositivos digitais e a tendência é que a presença da tecnologia no dia a dia escolar aumente cada vez mais. A pesquisa TIC Educação de 2016, realizada pelo Centro de Estudos sobre as TICs (Cetic), mostrou que 92% das escolas urbanas no país já possuíam acesso a rede Wi-Fi. A pesquisa mostrou ainda que para 77% dos professores se comunicar com os alunos ficou mais fácil desde que a tecnologia começou a fazer parte do dia a dia das escolas.O estudo do Cetic reflete as grandes transformações pelas quais o cenário educacional passou ao longo da última década.

Agora, é preciso criar laços mais estreitos entre os modelos tradicionais de ensino e as novas demandas dos alunos por mais interatividade e aproximação das suas realidades sociais. Ou seja, é importante que, em vez de impedir, as escolas disseminem o uso da tecnologia de forma crítica e consciente dentro e fora de suas paredes e preparem os alunos para lidar com as situações complexas da vida moderna, já tomada pela tecnologia. Além disso, o uso de tecnologias em sala de aula traz uma série de benefícios para os alunos, como o aumento da atenção ao que é ensinado, o estímulo à interação nas atividades escolares e o aumento da motivação para participar mais ativamente do processo de aprendizagem.Para que as escolas aproveitem todos esses benefícios, a BNCC traz orientações claras sobre o uso da tecnologia nas escolas de forma a direcionar a elaboração dos currículos e o desenvolvimento de competências e habilidades nos alunos ao longo da Educação Básica.

A TECNOLOGIA NAS COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC

A tecnologia tem papel fundamental na Base. Sua compreensão e utilização é tão importante que um dos pilares da Base trata especificamente da cultura digital e de como ela deve ser encarada no processo de ensino e aprendizagem. Esse pilar é expresso em uma das competências gerais da BNCC, a de número 5, e prevê que os alunos ao final da Educação Básica devem ser capazes de:

“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”

5ª competência geral da Base Nacional Comum Curricular

Em outras palavras, essa competência indica que o estudante precisa ter domínio dos dispositivos digitais disponíveis, além de ser preparado para criá-los e utilizá-los de forma responsável, qualificada e ética, compreendendo seus impactos na sociedade. Essa competência deve ser desenvolvida ao longo de toda a Educação Básica de maneira gradual, progressiva e transversal, e por isso se desdobra nos direitos de aprendizagem e desenvolvimento e nas competências e habilidades específicas de cada área de conhecimento, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

COMO USAR A TECNOLOGIA NA SALA DE AULA

Apesar de todas as orientações, pode ser um desafio utilizar a tecnologia em sala para o desenvolvimento das habilidades e competências previstas na BNCC. Por outro lado, já existem experiências com diversas metodologias pedagógicas que podem ser aproveitadas pelos professores. Uma dessas metodologias é a do Ensino Híbrido, que busca promover a mistura entre o ensino presencial e o ensino online – o que já é uma tendência e tem sido constantemente legislado no país. Outra metodologia comum em algumas instituições é a da sala de aula invertida, que propõe a inversão do modelo tradicional de ensino de aulas apenas expositivas.Nesse modelo, os alunos estudam em casa, para que em sala de aula o professor guie o debate sobre o conteúdo, tornando as aulas mais participativas e interativas.

Nesse modelo, a tecnologia pode ser uma grande aliada, já que os conteúdos passados previamente podem ser disponibilizados por meio de espaços virtuais de aprendizado, por exemplo. Outro modelo de ensino, ainda mais inovador, prega o uso de Objetos Educacionais Digitais (OEDs), que procuram explorar diferentes recursos tecnológicos para estimular o aprendizado e aproximar o ensino da realidade digital. Segundo esse modelo, o professor deve explorar em sala de aula vídeos, infográficos interativos, animações, imagens digitais e várias outras mídias que ajudam a promover o entendimento e o aprendizado integral do aluno.

Como a Base apenas orienta a construção de currículos, as escolas podem escolher as metodologias que mais se adequam à sua identidade para desenvolver as competências e as habilidades previstas no documento, de modo a garantir o desenvolvimento progressivo dos alunos ao longo da Educação Básica no que diz respeito ao seu letramento digital.

Não é mais possível ignorar as profundas mudanças que a tecnologia tem provocado na vida das pessoas, assim como é impossível imaginar que elas também não transformaram o modo como os alunos aprendem. Por isso, a construção da Base não deixou de lado o papel fundamental da tecnologia no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes da Educação Básica. Dessa forma, todas as áreas do conhecimento de todos os segmentos contemplam o uso das tecnologias, bem como o debate sobre o seu impacto na vida dos alunos, a fim de que se tornem cidadãos que usam esse recurso de forma consciente e ética, considerando o poder da tecnologia nos âmbitos pessoal, acadêmico e profissional.

Na Educação Infantil, prevê-se que a tecnologia seja trabalhada de modo a estimular sua curiosidade, o pensamento criativo, lógico e crítico, o desenvolvimento motor e a linguagem.

Já no Ensino Fundamental, a ideia é que os professores possam orientar os alunos para que usem a tecnologia de forma crítica, consciente e responsável para resolver situações da vida real. Na última etapa da Educação Básica, entende-se que os alunos já devem ter um papel mais proativo no uso das tecnologias. No Ensino Médio, espera-se que sejam trabalhados processos mais complexos de letramento digital, desenvolvimento da linguagem da cultura digital e que seja promovido o uso de ferramentas em que os próprios alunos possam produzir e distribuir conteúdos nas mais variadas mídias.

Para isso, os professores podem contar com o auxílio de diversas metodologias já disponíveis, que aliam a tecnologia ao processo de ensino, a fim de promover o desenvolvimento integral das competências e habilidades previstas na Base.

 

Texto retirado do e-book “COMO A TECNOLOGIA É CONTEMPLADA PELA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR?”, e-docente.

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